É melhor continuar à espera, de acordo com o relatório "2023 European Semester: Country Reports" da Comissão Europeia (CE). Enquanto o mercado imobiliário português continua a enfrentar desafios, este relatório sugere que uma correção significativa nos preços das casas não está no horizonte. A combinação de restrições de oferta, forte investimento estrangeiro e medidas políticas destinadas a aumentar a resiliênciadas famílias e do sistema bancário contribuem para esta perspectiva.
Segundo a CE, os preços das casas em Portugal têm estado em constante crescimento devido à escassez de oferta. Na última década, os preços das casas duplicaram em termos nominais, com os últimos três anos (2020 a 2022) a registar um aumento de cerca de 34%. Só em 2022, os preços das casas aumentaram aproximadamente 13%.
A CE prevê que os preços das casas continuarão a crescer, embora a um ritmo mais lento. Isto deve-se principalmente ao aumento das taxas de juro, que se espera que moderem o crescimento dos preços das casas. No entanto, certas restrições de oferta continuarão a existir, reduzindo a possibilidade de uma redução substancial nos preços das casas. Isto é particularmente verdade no contexto da forte procura de propriedades por investidores estrangeiros.
São destacadas algumas medidas tomadas em resposta aos recentes aumentos dos preços das casas. O Banco de Portugal, adotou uma recomendação macroprudencial, reduzindo a maturidade média para empréstimos garantidos por hipotecas para 30 anos a partir de 2023. Esta medida, juntamente com as medidas macroprudenciais existentes, espera-se que aumente a resiliência das famílias e, por sua vez, do sistema bancário.
Além disso, o governo português encontra-se a aprovar um projeto de programa direcionado ao mercado imobiliário português (Programa Mais Habitação) em fevereiro de 2023. Este programa está atualmente em discussão e aprovação no Parlamento Português.
A CE reconhece que o mercado imobiliário e suas implicações para a estabilidade financeira continuam a ser uma preocupação. Isto deve-se ao facto de 90% das hipotecas em Portugal serem de taxa variável, e um aumento no Euribor pode aumentar significativamente os pagamentos mensais do empréstimo, colocando as famílias sob stress financeiro. No entanto, a CE também nota que existem fatores atenuantes. Por exemplo, a proporção do rendimento disponível necessário para cobrir o pagamento mensal médio da hipoteca em Portugal ainda é suportável para a maioria das famílias e está abaixo do nível observado há uma década.
Para mais informações, consulte a versão completa do relatório aqui (em inglês).